A verdade como a base de uma comunicação sagrada

Vivemos rodeados de palavras. A maior parte das nossas actividades humanas assenta nelas: conversar, prometer, ensinar, partilhar, amar. Mas já pensaste no peso que cada palavra carrega? Quando não somos verdadeiros, quando manipulamos, quando dizemos o que não sentimos… estamos, na realidade, a roubar. Roubamos a realidade ao outro e a nós mesmos.

A tradição tântrica recorda-nos que a verdade é a base da comunicação sagrada. Mahatma Gandhi disse: “A verdade é Deus e Deus é a Verdade”. Se queremos que a nossa comunicação seja sagrada, luminosa, cheia de sentido, temos de a enraizar naquilo que é divino: a Verdade.

Mas o que significa viver com verdade?

• Não dizer algo que sabemos ser falso.

• Não enganar, nem alimentar ilusões só porque nos dá jeito.

• Evitar julgamentos precipitados sobre aquilo que apenas conhecemos pela superfície.

• Reconhecer que não sabemos tudo — e assumir isso sem vergonha.

A mentira pesa. A verdade liberta. Não é curioso que, quando temos uma conversa sincera, sentimos um alívio, uma leveza? É como se o coração respirasse.

A mais grave das mentiras é aquela em que fingimos conhecer a verdade sobre algo, quando no fundo sabemos que não sabemos. Um exemplo claro: muitos de nós não sabemos verdadeiramente quem somos. Intuímos isso, mas raramente admitimos. Continuamos a agir como se tivéssemos certezas absolutas sobre nós próprios. É aí que começa a ilusão, a primeira mentira.

E porquê que mentimos? Porque, muitas vezes, não suportamos lidar com a verdade dentro de nós. Dizer a verdade é talvez o acto mais difícil do mundo. E não basta querer: é preciso discernimento espiritual, a capacidade de distinguir o que é verdadeiro do que é falso dentro de nós.

Quando comunicamos com honestidade, não só honramos o outro, mas também honramos algo muito maior: a sacralidade da vida, a presença do divino em cada encontro.

Tenho uma proposta de exercício para ti

Durante cinco minutos, coloca uma música suave como background, que desperte em ti um estado de tranquilidade e calma, e escreve: “Quais são os aspectos de mim que me custa aceitar como verdade?” 

Não julgues as respostas, não coloques rótulos nas emoções que possam vir ao de cima, apenas observa de forma lúcida e desapegada. E escreve aquilo que o teu coração ditar.

Lembra-te: a verdade não é uma ideia abstrata, é uma energia viva, uma vibração universal, um Atributo de Deus. É um caminho que começa na relação contigo próprio e que depois se expande para todas as tuas relações. A verdade é o caminho.